Anda... não pára,
Não caia,
Não suma...
Descanse!
Descanse o corpo,
Descanse a alma,
Não pare de respirar.
Desenhe meu caminho
Faça-me o sentido... Único!
Enquanto você prosseguir
Eu continuarei vivo.
Olhe pro chão,
Enxergue seus pés
Doloridos e fortes.
Cada vez mais resistentes
Igual ao seu corpo... até a alma.
Anda... não pára...
O vento lhe contorna,
Apoia,
Levanta...
Apaga suas pegadas
Deixadas para trás...
Levante a cabeça
Fixe seus olhos adiante.
Não trema,
Não se abstenha.
O fim disso tudo está logo ali.
Há um palmo de seu nariz,
Há um passo de onde você permanece...
Há um milímetro de onde eu estou!
O ciclo se completou.
Tudo estabilizou-se.
E você voltou pro início...
Onde eu esperava lhe encontrar.
Por ter me deixado para trás,
Por não me esperar descansar,
Os pés... A vista...
O corpo... A alma...
Para refazer as pegadas
Que o vento apagava...
Agora eu vou-me levantar,
Despedir-me
E por fim, ir-me.
Ja poderei morrer em paz.
E você, está tão cansada, coitada
Por andar demais,
Correr demais,
Descansar de menos
E não ver o tempo passar...
Só lhe deixo meus sentimentos
Para você não se sentir tão só,
Enquanto espera um novo alguém
Traçar um novo caminho...
Um novo sentido...
E assim,
também possa morrer
Aos poucos,
Em paz...
(Gabriel Diniz, Belém-PA. 2012- Oquepensoagora.blogspot.com)